Olh'á carteira!!!!!

Não, não tenho estado de férias! Tenho andado a preparar material para duas feiras em que vou participar durante este mês. Uma na Benedita e outra em Monte Real (onde vou estar a pintar sorrisos, mas com algumas peças em exposição para venda). Tenho de confessar alguma ansiedade pois é a primeira vez que vou expor as minhas peças em feira...Em loja é diferente, não tenho o feedback directo das pessoas e não é tão intenso (pelo curto espaço de tempo de exposição e por uma maior afluencia de pessoas ao mesmo tempo). Ainda bem que vou estar descontraidamente a pintar... :) Bem, mas o que há de especial nisto tudo é que estas feiras vão servir também de 'lançamento' das minhas últimas criações! Tenho estado a preparar uma 'fornada' de carteiras que dão continuação à colecção Eu e os Meus Botões, e estou, obviamente, na expectativa quanto à receptividade destas peças... Por isso tenho andado tão escondida... encafurnada na sala de costura, de dedal no dedo, entre alinhavos e pé no pedal! O resultado tem-me agradado muito (depois de muitas agulhas partidas e alguns pontos menos.....certeiros :P).

Este trabalho fez-me recordar a minha infância, entre linhas e restos de tecidos cortados no chão do sótão de costura da minha mãe... lembro-me perfeitamente do barulhinho bom que fazia a tesoura ao cortar uma grande peça de tecido em cima da mesa envernizada no cortar de um molde... cada vez que faço o mesmo não consigo evitar um sorriso :) . Já não caseava um botão há mais de 15 anos!!! É bom sentir que tudo o que vamos vivendo e aprendendo ao longo da vida se vai reflectindo no que somos e no que fazemos dia a dia, mesmo que às vezes não o saibamos à partida... Lembro-me como se fosse hoje, da sensação de desconforto que me causou a estadia numa casa de tempos-livres, trabalhos manuais e outros lavores (sim, é verdade!), no último ano que a minha mãe me inscreveu. Último porque eu não quis mais voltar! Tinham-me subido de escalão e passado para a sala das meninas e senhoras, quando o que eu queria era estar com os outros miúdos mais novos a fazer trabalhos mais divertidos e variados. Daqueles em que se podia pintar, sujar as mãos e o avental, em salas onde reinava a gargalhada e o divertimento, mas com relativa ordem! Cresci... e fui promovida por ter crescido... desejei voltar atrás e ficar criança para sempre!! Agora que penso nisso... acho que foi essa a primeira situação que me fez sentir menos criança; e não gostei do que vi! Era tudo mais sério, silencioso, irritantemente ordenado e regulado. Só cheguei até ao fim das férias por incentivo da minha mãe, e não sei se alguma vez cheguei a acabar o trabalho que me tinham proposto... acho que foi a minha mãe a acabá-lo, uns meses mais tarde... a minha primeira (e única) toalha de ponto-cruz!